domingo, 5 de março de 2017

O homem mau e seus disfarces

Existe uma característica importante nas crianças cristal que mais cedo ou mais tarde acaba por se manifestar. No meu caso foi bem cedo mas como acredito que nada acontece por acaso provavelmente aconteceu na altura certa.

A dada altura apercebi-me que o meu filho falava do ferry num tom menos bom, como se o ferry fosse mau e não fosse um anjo. E esta mudança coincidiu com outras visões que o meu filho começou a ter e que com a mesma credibilidade que quando ele falava nos anjos começou a ter medo e a descrever outros seres que iam ter ao quarto dele à noite.

A frequência era tanta que ele começou a ter medo do escuro e não queria dormir sozinho no quarto dele. Eu tinha que me deitar com ele até ele adormecer ou então ele vinha deitar-se na minha cama.

Uma noite ele via uma menina escondida por trás do cortinado, na noite seguinte era um menino por baixo da secretária, outra noite era um homem todo de preto muito alto e o meu sinal de alarme foi quando ele descreveu a tremer um monstro com chamas na cabeça.

Acreditando desde sempre na veracidade da capacidade de visão do meu filho nunca duvidei que ele estava mesmo com medo e que a nossa casa se tinha transformado num local de passagem para todo o tipo de entidades.

Algo importante que fiquei a saber na altura era que como cristal o meu filho tinha uma luz muito forte e esta luz atraía entidades como se se tratasse de uma vela a iluminar um caminho escuro. 

Eu tinha mesmo que aprender a fazer algo para conseguir proteger o meu filho. Como não sabia o que fazer a minha intuição dizia-me para rezar e pedir a Deus para encaminhar aquelas almas e sobretudo para as afastar do meu filho para ele poder dormir em paz. 

Com o passar do tempo a minha mediunidade foi desenvolvendo e comecei a sentir e ouvir as presenças mesmo antes do meu filho me dizer que ali estavam. Hoje sinto que foi uma sincronicidade nos acontecimentos onde a minha vontade de proteger a minha casa e o meu filho me foi mostrando os meios por onde eu devia ir de forma a evoluir e claro está, com empurrões tão grandes que apressaram tudo para um ritmo alucinante de acontecimentos e desenvolvimento.

Foi mais ou menos neste seguimento que surgiu o pior período da minha vida, mas talvez um período necessário onde aprendi tanto sobre o outro lado.

Começou a ser frequente o meu filho falar no “homem mau” como estando presente em nossa casa, e o mais assustador era que já não aparecia só de noite, também se manifestava durante o dia de várias formas.

Num feriado aproveitei que não ia trabalhar e combinamos ir visitar o meu pai cuja casa ficava a meio do caminho entre o trabalho do meu ex-marido e a nossa casa. Ainda eram cerca de 300 km que tive que percorrer conduzindo sozinha com o filhote.

Partimos de manhã bem cedo para aproveitar o dia e partimos já de noite cada um de regresso a sua casa. Mais ou menos a meio do percurso o meu filho pediu-me para desligar a música porque queria falar comigo.

Desliguei o rádio e disse que podia falar. Ele com uma voz algo preocupada disse: Sabes mãe o ferry está triste… perguntei se o ferry estava ali connosco na carrinha e ele disse que não, que estava em casa no quarto dele. Então perguntei por que motivo o ferry estava triste e ele respondeu: porque ele tem um dói-dói na barriga... na altura não percebi como era possível isso acontecer com um anjo e fiquei ainda mais impressionada com a necessidade que ele teve de me contar essa informação quase ás 22h a caminho de casa e de que forma conseguia ele captar essa informação num dia em que passámos o tempo todo a quilómetros de distancia da nossa casa! Era estranho e não percebi.

Passado uns dias perguntei ao meu filho se o ferry ainda tinha dói dói e ele reagiu mal dizendo: chô ferry chô… vai embora ferry…
Quando questionei porque estava a dizer isso foi quando percebi o que estava a acontecer. O homem mau por vezes disfarçava-se com a aparência daquilo que o meu filho identificava como ferry para o enganar e estar mais próximo dele. Percebi que quando o ferry acordou o meu filho tocando-lhe na cara não foi o anjo e sim a entidade disfarçada por isso ele ficou tão zangado e revoltado. 

E também foi nesta altura que ele deixou de falar do ferry porque provavelmente como mecânica de defesa ele começou a fazer a distinção entre anjos e maus. Foi quando ele começou a usar o nome anjo para os seres de luz e sempre que eu lhe perguntava sobre o ferry ele dizia muito rapidamente: chô ferry chô… já foi embora mãe…


Também fiquei a perceber que fazia sentido o facto de eu começar a ouvir e a sentir as presenças menos boas uma vez que isso dificultou que se pudessem disfarçar ou que tentassem enganar tanto a mim como ao meu filho. 

A energia de amor que se sente na presença dos anjos não se compara ao frio e incómodo que se sente na presença de “maus”. A minha intuição foi-se apurando com o passar do tempo e isso fez com que eu continuasse a minha investigação e procura de conhecimentos sobre o que poderia eu fazer para proteger a minha casa e o meu filho.

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